O Jornal Nacional mostra a situação do atoleiro na BR-163 e os problemas nos trechos da BR-319.
Duas estradas que ligam o Norte a outras regiões brasileiras estão afundadas na lama.
O Jornal Nacional já mostrou o atoleiro na BR-163. A rodovia vai de Santarém, no Pará, a Tenente Portela, no Rio Grande do Sul. mas o problema mesmo é do Pará a Cuiabá.
Já a BR-319 é a estrada que liga Manaus a Porto Velho e depois ao restante do país. A única outra opção por terra pra sair de Manaus é passando por Boa Vista e depois por fora do Brasil.
Foram mais de oito horas engolido pela lama. Quase que o Hugo não chega pro próprio casamento, na noite deste sábado (4). Ele saiu na segunda-feira (27) de Manaus, para percorrer 1.090 quilômetros e só chegou na sexta-feira (3) a Ariquemes, em Rondônia, onde está a noiva.
“Essa é a pior estrada que já encarei em 33 anos da minha vida”, afirmou o gerente comercial.
A BR-319, por onde ele viajou, tem cerca de 400 quilômetros sem asfalto. Desde 2013, o governo federal gastou pelo menos R$ 100 milhões nessa rodovia. Dinheiro que escorre a cada chuva.
O pior trecho da BR-319 está sendo chamado de ‘piscinão’. É o maior atoleiro. Difícil um carro passar por ali e não sair sem ajuda.
Desatolar dali só com horas de trabalho. Com sorte, aparecem outros motoristas pra socorrer. Ou então é esperar o trator de urgências nos piores trechos. As crateras tomam mais da metade da estrada. Quem depende dela acumula prejuízos.
“Aproximadamente por falta de estrada já são umas 40 toneladas de banana perdidas por falta de escoação.”, lamenta o produtor rural Josimar Santana.
E tudo piora à noite. Só consegue passar quem vem preparado pra lama. Mesmo assim, a viagem não é fácil.
“Hoje nós estamos levando em média de 12 a 18 horas. Se tivéssemos asfalto, uma estrada decente levaríamos de carro aproximadamente cinco horas”, diz o representante comercial Harlam Borges.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT – disse que depende de uma análise das reservas indígenas na região pra começar as obras na rodovia.
“O DNIT contratou esse estudo, está em andamento, pretende acelerar o processo de estudo para ver se até o ano que vem a gente consegue finalizar e entregar para o órgão licenciador para poder sim obter o licenciamento”, afirma o diretor-geral do DENIT, Valter Casimiro.
Os caminhões que tinham retomado a viagem na BR-163 pararam de novo, depois de um novo temporal.
As imagens foram gravadas neste sábado (4) por um policial rodoviário federal que seguia de Itaituba para Trairão, no sudoeste do Pará.
”Esse é o segundo ponto crítico da BR que impede o fluxo normal dos veículos. Uma fila interminável de caminhões, como você pode ver”, diz o policial no vídeo.
A chuva voltou a fechar a rodovia, que na sexta-feira (3) tinha sido reaberta em meia pista. Mais de 40 caminhões interromperam, outra vez, a viagem em direção a Mato Grosso.
O DNIT enviou novas máquinas pra reforçar os trabalhos nos atoleiros.
Os transtornos na BR-163 devem se estender até maio, quando geralmente termina o período mais chuvoso na Amazônia. Já contando com esse problema, pra escoar as safras de soja e milho, os produtores rurais calcularam o prejuízo este ano: R$ 370 milhões, somando as multas por não conseguir embarcar a produção pelos portos do Pará e os custos com novos contratos pra redirecionar os caminhões para os portos do sul e do sudeste.
Os motoristas, que já estão na BR-163 há três semanas, começaram a receber água e 600 cestas básicas enviadas pelo governo federal.
No Pará, 190 quilômetros da BR-163 ainda são estradas de terra. O Ministério do Transportes informou que pretende asfaltar cem quilômetros até o ano que vem.
No fim da tarde, parte da estrada foi novamente liberada.
Fonte: G1
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