Máquina de Espionagem: ex-secretário Júnior Gonçalves revela uso político da Polícia Civil em Rondônia
Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves, revelou um engenhoso esquema de arapongagem, falsos inquéritos e a execução de operações fraudulentas contra adversários do Governo Marcos Rocha. As ações, consideradas graves e passíveis de investigação da Polícia Federal, estariam sendo comandadas, segundo Gonçalves, pelo deputado estadual Ribeiro do Sinpol, policial civil de carreira e vice-líder do Governo na Assembleia Legislativa, o delegado Marcos Correia, nomeado na Casa Civil no dia 19 de maio deste ano, com a anuência do chefe da Casa Civil, Elias Rezende.
No pronunciamento a várias emissoras de TV, sites e blogs, o ex-assessor do governador Marcos Rocha detalhou o “modus operandi” do delegado Marcos Correia. Ele busca acesso aos sistemas de inteligência dos órgãos para fazer “investigações fraudulentas, arapongagem, usurpar a função de investigação de forma indevida, mapeando possíveis adversários políticos para fazer dossiês e operações forjadas”. Ribeiro, Correia e Elias estariam colocando o plano em curso trocando a direção da Polícia Civil.
Plano está em plena execução
O plano, até o momento, tem dado certo. O novo diretor-geral da Polícia Civil, Jeremias Mendes, indicado, após 7 delegados não aceitarem o cargo, exonerou a delegada Simone Barbieri do Departamento de Estratégia e Inteligência (DEI), órgão que chefia inclusive as DRACOS (Delegacias de Repressão ao Crime Organizado). Ela foi a responsável pelo inquérito que investigou a denúncia de irregularidade no contrato de digitalização de documentos quando Elias Rezende era diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Mas, antes de sair, ela teria indicado Elias e enviado o inquérito ao Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público de Rondônia. Simone foi relotada na Delegacia de Repressão a Narcóticos com data retroativa a de 9 de junho, conforme a Portaria nº 558, assinada por Jeremias Mendes, e publicada no Diário Oficial do Estado na quinta-feira, dia 12.
Segundo Gonçalves, Ribeiro teria sido o responsável por entrevistar 7 delegados para assumir a função do ex-diretor Samir Foud Abboud, mas não quiseram assumir porque “estava na mesa algo que não era legal”. “O que estava na mesa era colaboração com o projeto de destruir o irmão do vice-governador e o próprio vice-governador fazendo-0 ficar de joelhos para que não disputa o cargo de governador em 2026 e nem aceite o Governo”, disse Gonçalves.
Destruir reputações
Para o ex-chefe da Casa Civil, o que está em curso em Rondônia ultrapassa qualquer disputa política; é um ataque calculado, uma ofensiva para destruir não apenas o nome, mas uma família inteira. “Recursei participar de um projeto de poder que perdeu o senso de razoabilidade”, disse. No domingo, ele foi acusado de chefiar uma máfia que desviou R$ 150 milhões na Sesau e na Seduc, mas lembrou aos acusadores que a Casa Civil não compra, paga ou licita contratos. Todos os atos foram feitos por pessoas indicadas pelo governador Marcos Rocha chamadas ao Governo por terem ligações com ele na Semed e Sejus, pastas nas quais foi gestor no Governo Confúcio Moura e na gestão do ex-prefeito Mauro Nazif. A Casa Civil, lembrou Gonçalves, é subordinada diretamente ao governador, e nenhuma ação é tomada sem seu conhecimento. E no caso de Rondônia, segundo ele, até a primeira-dama Luana Rocha, participa das decisões. “Quando estão atacando minha honra, estão atacando a honra do governador Marcos Rocha, pois trabalhamos por 6 ano de mãos dadas. Fui coordenador da campanha de reeleição, fui reconduzido ao cargo no segundo mandato da Casa Civil. Se meu trabalho não estava correto, porque continuei 6 anos?”, questionou Gonçalves.
Família sofre
Gonçalves lamentou que essa disputa política esteja afetando sua família. Seus filhos, esposa e seus irmãos estão sob pressão, mas tem a plena consciência que precisam se defender das chamadas “faltas narrativas” plantadas por pessoas ligadas ao Governo Marcos Rocha. Ele lembrou que todo seu patrimônio está declarado à Receita Federal e está disponível para contribuir com qualquer questionamento, desde que seja verdadeiro e dentro da legalidade constitucional. “Na campanha de 2019, não andei de bicicleta com governador, mas na minha BMW”, disse ele, lembrando a todos que já tinha patrimônio naquela época. “Quem faliu foi a empresa, e não a família”, esclareceu Gonçalves.
Sobre a acusação dos R$ 150 milhões, ele respondeu a reportagem que foi mais uma narrativa criada para destruir ele e seu irmão. Ele não indicou os titulares da Sesau e Seduc ou o pessoal de segundo escalão, mas repetiu que todos são pessoas que já tiveram convivência com Marcos Rocha na Sejus ou na Semed no Governo Mauro Nazif. Por fim, ele respondeu ao jornalista Gomes Oliveira que se o governador Marcos Rocha está mesmo interessado em investigar corrupção que comece pelo DETRAN, onde está lotado seu irmão, Sandro Rocha. Pressionado para responder sobre um determinado contrato, envolvendo um grande grupo empresarial de Rondônia, Gonçalves disse que não entraria a fundo nessa questão porque tem órgão de controle e investigação para fazê-lo. O ex-chefe da Casa Civil agradeceu a participação das TVs, sites e blogs na coletiva.
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