Joseph Safra, cujo Banco Safra administra a fortuna de clientes de alto patrimônio líquido no país, figura como o banqueiro mais rico mundo na lista de bilionários da Forbes de 2017, divulgada hoje.

Aos 78 anos, ele é dono de um vultuoso patrimônio de 20,5 bilhões de dólares, volume que o classifica como o mais rico entre os donos de banco e o terceiro da categoria do ranking de finanças e investimentos, atrás apenas dos investidores Warren Buffet e George Soros.

Buffett ocupa o segundo lugar na lista geral da Forbes, com uma fortuna de 75,6 bilhões de dólares – ele só perde para o mais rico do mundo, Bill Gates, da Microsoft.

Soros possui um patrimônio de 25,2 bilhões de dólares. Como ele, há outros 45 nomes na lista dos mais ricos que trabalham com a administração de fundos de hedges.

Entre os bilionários brasileiros, Safra ocupa o segundo lugar, depois do empresário Jorge Paulo Lemann, da 3G Capital.

Além dos negócios no Brasil, Safra também é dono do J. Safra Sarasin, na Suíça, formado em 2013 com a fusão com o banco suíço Sarasin. O banqueiro também possui operações em outros lugares do mundo, que incluem o Safra National Bank, em Nova York, e propriedades imobiliárias nos Estados Unidos.

Também possui propriedades imobiliárias nos Estados Unidos e metade da “gigante de bananas” Chiquita Brands International, comprada por Safra e Cutrale, em outubro de 2014.

Filho de uma família judia com origem na Síria, José (como gosta de ser chamado) nasceu no Líbano em 1938 e só chegou ao Brasil em 1962 – apenas anos depois se tornou brasileiro naturalizado, motivo pelo qual ele aparece no ranking da Forbes entre os brasileiros. Herdou da família, além do apreço pelo conservadorismo, a habilidade de multiplicar dinheiro.

Banqueiro de berço

Desde o século XIX, o clã Safra é formado por banqueiros, todos judeus halabim, uma das mais renomadas classes mercantis do Oriente Médio de comerciantes e empresários de vários ramos. Os primeiros Safra trocavam dinheiro e forneciam crédito, mas o primeiro banco da família foi aberto em Beirute pelo pai de Joseph, Jacob Safra, na década de 20. Jacob casou-se com Esther, sua prima, e com ela teve oito filhos.

Três deles, Edmond, Joseph e Moise, seguiram a profissão. Naturalizados brasileiros, eles se tornaram, aos poucos, banqueiros de renome internacional, sendo que o primogênito, Edmond, trabalhou no banco do pai desde os 16 anos e vendeu sua parte aos irmãos para abrir outros bancos sozinhos. Acumulou uma fortuna bilionária até ter uma morte trágica, em Mônaco, onde vivia com a esposa Lily Safra (antiga dona do Ponto Frio).

O banqueiro foi morto em um incêndio dentro de sua própria casa, em 1999. A suspeita é de que a tragédia tenha sido provocada por assaltantes, mas até hoje não se sabe ao certo o que teria acontecido.

A morte de Edmond desencadeou a briga entre os outros dois irmãos pela divisão da herança da família. Donos do banco Safra no Brasil, Joseph queria comprar a parte de Moise, mas eles não chegavam a um consenso sobre o valor do negócio. Depois de dois anos, fecharam um acordo: cinco bilhões de reais para Moise e o comando para Joseph.

Na época do impasse, em 2004, eles criaram o J. Safra, que opera nos mesmos setores e oferece serviços aos clientes do Safra. Comandado por Alberto, filho de Joseph, o J. Safra ocupa hoje o lado oposto ao Banco Safra na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo.

Moise, quatro anos mais velho que o irmão, figurava na lista de mais ricos da Forbes até 2014, quando faleceu.

Paixões e negócios

Os negócios de Joseph prosperam desde então dentro e fora do país (bom negociador, fala inglês, francês, espanhol, italiano, árabe e hebraico). Hoje, segundo a Forbes, seu filho mais velho, Jacó, supervisiona as operações da família banqueira na Europa e nos Estados Unidos.

Enquanto isso, seus outros dois filhos, David e Alberto, gerenciam o Banco Safra no Brasil, o oitavo maior do país em ativos, com negócios concentrados em private bank.

Da vida pessoal, pouco se sabe de Joseph. Porém, nas raras entrevistas que concedeu, deixou claro que gosta de levar uma vida simples ao lado da esposa Vicky e dos quatro filhos– e tem outras paixões, além de cuidar do seu banco.

O gosto por livros caros e raros, que fazem deles um dos maiores colecionadores de obras do país, é uma delas. A torcida pelo Corinthians é outra. Essa o leva até os estádios com os filhos e uma tropa de seguranças, claro.

Fonte: Exame.com