BRASIL: Professor golpeado em sala de aula perdoa aluno: ‘Precisa de ajuda’
O professor de história agredido por um aluno durante a aula em uma escola municipal de Belo Horizonte disse, nesta quinta-feira (3), que não guarda mágoa do adolescente.
“Jovens como esse precisam de ajuda. Nós estamos falando da não-violência, e tem que passar por aí. O que está faltando é diálogo”, disse Marco Antônio Souza, de 65 anos.
O professor, com 43 anos de magistério, foi ferido nesta quarta-feira (2) por um aluno de 12 anos após mandar que ele sentasse, na Escola Municipal Marlene Pereira Rancante, no bairro Alípio de Melo, Região da Pampulha. O adolescente se levantou começou a distribuir bilhetinhos na aula 15 minutos antes do término. Marco Antônio disse que chamou a atenção dele.
“Aí eu me virei pro quadro para continuar a explicação e ele, sem mais nem menos, pegou uma caixa plástica de colocar folhas recicláveis e golpeou a minha cabeça com essa caixa, com uma certa força. Eu fiquei meio zonzo. Eu não vi, mas os alunos disseram que foram duas pancadas”, contou.
Ele foi levado para o hospital, atendido e liberado. Na manhã desta quinta-feira (3), ele voltou para a escola para conversar com os demais alunos.
“Eu acho isso um gesto impensável. Ele perdeu a cabeça. Porque o que aconteceu entre nós foi uma coisa corriqueira. É corriqueiro o professor pedir para o aluno fique em silêncio”, continuou.
Marco Antônio defendeu que o aluno seja responsabilizado pelo ato, mas também disse que ele precisa de acolhimento.
“A minha preocupação é que esse jovem precisa de ajuda. E não estou vendo ninguém ajudá-lo. A ajuda que eu poderia dar a ele, que seria uma ajuda momentânea, temporária, eu tentei dar. Eu tento dar. Mas eu não consigo ter o tempo suficiente, e talvez nem aquilo que me falta na minha formação como professor, que é o lado mais emocional, psicológico. Eu, às vezes, sinto essa lacuna”, desabafou.
Após o incidente, o aluno se apresentou com a família no Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Infrator de Ato Infracional (CIA) e foi liberado.
O professor também foi ouvido e liberado. Ele disse que não vai fazer boletim de ocorrência contra o garoto.
Os diretores da escola disseram que o incidente foi um caso isolado na escola. Representantes da Secretaria Municipal de Educação e do Sindicato Únicos dos Trabalhadores em Educação (Sindi-Ute) estiveram na escola para acompanhar o caso.
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